O número de mulheres presas em Uberlândia aumentou 89,5% em três anos. Em 2007, eram 76 detidas na Penitenciária Professor João Pimenta da Veiga e no Presídio Professor Jacy de Assis. Em 2010, 144 mulheres cumpriam pena nas duas instituições. Ainda de acordo com dados da penitenciária e do presídio, a população carcerária feminina deste ano já representa 88,8% das mulheres presas em 2010. Até abril, 128 mulheres estavam presas.
Entre 2007 e 2010, a população carcerária masculina passou de 1.522 para 1.872, um aumento de 23%, quase quatro vezes menos que a taxa de crescimento da população carcerária feminina.
“Eu me envolvi com uma pessoa e comecei a me drogar”, disse uma das 46 detentas da penitenciária. O capítulo mais recente da história dela, de 32 anos, não trouxe novidade. Pela terceira vez, ela foi presa por causa do envolvimento com o crack. O motivo foi roubo para manter o vício. Ela já cumpriu quatro meses dos cinco anos e quatro meses de prisão a que foi condenada.
Na ala de Vivência Feminina da Pimenta da Veiga há espaço para 70 pessoas. Em 2010, a capacidade quase chegou ao limite, com 60 mulheres. Entre 2007 e o ano passado, o número de detidas no local cresceu 122,2%.
Já no Jacy de Assis, no mesmo período, o crescimento foi de 71,4%. A ocupação da ala feminina passou de 49 para 84 presas. Atualmente, 82 mulheres estão no local, apenas duas a menos que em 2010.
Crimes estão ligados às drogas
De acordo com o diretor de Penitenciária Professor João Pimenta da Veiga, coronel Flávio Lobato, a maior parte das mulheres presas esteve envolvida com drogas, e os crimes cometidos estão direta ou indiretamente ligados ao tráfico e ao uso de entorpecentes. “Muitas vezes, os companheiros delas estão presos, e há vários casos de mulheres que entram com drogas para o marido”, disse Lobato.
Dados da Subsecretaria de Administração Penitenciária de Minas Gerais mostram que, a cada ano, aumenta em 15% a população feminina nas unidades do Estado. “Vai longe o conceito de mulheres de avental em casa. Consequentemente, o crime passa a ser uma alternativa para as mulheres fora do lar”, afirmou o subsecretário Genilson Zeferino. “Cometi os três crimes por causa do crack”, afirmou uma mulher presa na Penitenciária Professor João Pimenta da Veiga por roubo.
Família costuma abandonar condenadas
Especialistas consultados pela reportagem do CORREIO disseram que, geralmente, o destino das mulheres envolvidas com o crime é o de se encontrar sozinhas depois da condenação. “Normalmente, os homens recebem visitas, mas a recíproca não é verdadeira, elas não costumam ser visitadas pelos maridos”, afirmou o Coronel Flávio Lobato, diretor da Penitenciária Professor João Pimenta da Veiga.
“A visão de uma mulher criminosa não combina com a imagem de fragilidade que a sociedade tem da mulher. Ela é julgada pelo crime e pela sociedade”, disse Flávia Teixeira, coordenadora de enfrentamento da violência contra a mulher do Centro de Referência em Violência e Segurança Pública da Universidade Federal de Uberlândia (CeVio-UFU).
“Não vejo meus filhos, quem cuida é minha família. Eu não tenho ninguém, não tenho companheiro. Somos só eu e Deus. Minha mãe cansou de vir nesse lugar”, disse um das 46 mulheres presas na penitenciária por roubo, que é mãe de cinco filhos entre 4 e 13 anos.
*Evolução da população carcerária em Uberlândia
Penitenciária Professor João Pimenta da Veiga
2007 / 2008 / 2009 / 2010 / 2011
Homens 221 / 348 / 362 / 416 / 393
Mulheres 27 / 24 / 51 / 60 / 46
Presídio Professor Jacy de Assis
2007 /2008 /2009 /2010 / 2011
Homens 1301 / 1412 / 1528 / 1456 / 1557
Mulheres 49 /66 /79 /84 /82
* Total
2007 / 2008 / 2009 / 2010 / 2011
Homens 1522 / 1760 / 1890 /1872 / 1950
Mulheres 76 / 90 / 130 / 144 / 128
*Crescimento entre 2007 e 2010
Homens: + 23%
Mulheres: + 89,9%
*Minas Gerais
No Estado, 15% é taxa anual de crescimento da população carcerária feminina
Nenhum comentário:
Postar um comentário