Pesquisa aponta que mulheres estão cada vez mais violentas
Jornal O Tempo – 16/5/2011
Tâmara teixeira
Tâmara teixeira
Agressão feminina é focada na pressão psicológica e, não, na força física
Essa é a realidade de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de
Belo Horizonte. Pesquisa realizada entre 2009 e o início de 2011 pela
fisioterapeuta Rejane Alves, mestranda da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), mostra que as mulheres da cidade estão tão violentas
quanto os homens.
A pesquisadora ouviu 230 pessoas – 118 mulheres e 113 homens. O
estudo surgiu de uma antiga desconfiança da relação quase que automática
feita entre gênero e violência. E os relatos confirmaram a teoria.
Rejane constatou que não só os homens são violentos; as mulheres
aparecem, muitas vezes, como mandantes dos crimes.
“O que determina quem vai ser violento é o contexto em que as pessoas
vivem e as relações de poder que existem entre elas. Me surpreendi com
relatos de mulheres que cometiam espancamentos, humilhações verbais e
assassinatos”, explica.
A diferença entre homens e mulheres, segundo a médica de saúde
pública Elza Machado de Melo, coordenadora da pesquisa, está no método
usado. Eles preferem usar a força física e armas. Elas optam pela
pressão psicológica. “No contexto familiar, a mulher tem posição
soberana e pratica 60% das agressões contra crianças”, explica Elza
Machado.
Ainda de acordo com a professora, os números recentemente constatados
já fazem parte da realidade da população. “O que impressiona é que a
conclusão do estudo já está muito clara para a comunidade. Os
entrevistados dizem com naturalidade que uma vizinha mandou matar
alguém, que a irmã espancou o sobrinho ou ainda que a amiga já praticou
algum outro crime”, conta.
Pesquisa. Em vez de quantificar a violência, a pesquisadora se
concentrou em medir a capacidade de praticar uma agressão – não há, por
exemplo, números de crimes praticados por cada gênero. E a escolha por
Ribeirão das Neves, conta ela, não foi aleatória. A cidade é tida como
uma das mais violentas do Estado.
NEGRIARA
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