PROIBIDO, PROIBIR : Pré-conceitos

"Todo favelado é cúmplice dos traficantes"; "o usuário de drogas é o culpado pela violência das cidades brasileiras";"todo sociólogo, geógrafo e antropólogo defensor dos direitos do cidadão não entende nada do problema".Com tal coleção de justificativas, é claro que não fica nada para criticar na ação da polícia nas favelas do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e é claro Vespasiano.
No entanto, nem toda favela tem comando de traficante armado até os dentes; nem toda cidade deste planeta, especialmente nos países onde há muito mais usuários de drogas ilegais, apresenta o quadro de violência do Rio de Janeiro. Finalmente, em outros estados da Federação há colaboração entre a Universidade e a Polícia, entre sociólogos e policiais. Exageros à parte, não aproveitar o conhecimento adquirido por métodos científicos tem nome: obscurantismo. E o que mostram as pesquisas realizadas? Que conflito entre a Falange Jacaré e o Comando Vermelho já existe há décadas, que Gangues entituladas como
"Do Curumim e Caixa d'água"-M.A, continuam atuando sendo fruto de um sistema prisional falho. Este sistema permitiu que prisioneiros mais fortes, ricos e agressivos convivessem, na mesma cela, ala ou prisão, com pequenos delinquentes que sempre foram oprimidos e extorquidos pelos primeiros. O CV surgiu para acabar com esta opressão dentro da prisão nos anos 1970. A Falange virou Terceiro Comando ainda no regime militar, quando o tráfico de cocaína começou a se espalhar pelo Brasil.
Pouco a Pouco, os comandos descobriram que o tráfico de drogas ilegais era uma forma de ganhar dinheiro fácil e continuar a extorquir dos envolvidos, dentro e fora da prisão, tudo aquilo que é necessário para viver bem e dominar quem não for chefe. Inimigos, deixaram os assaltos para se tornarem comerciantes em guerra mortal.
O dinheiro ganho em bocas vai para os líderes dos comandos fora e dentro da prisão. Gerentes, vapores, soldados e olheiros, quando presos, não ganham nada; livres ganham percentual ínfimo dos lucros. Uma "empresa" sem nenhum direito trabalhista. Já há muitos desiludidos que compreendem que se arriscaram para defender o que não era deles.
Nada disso justifica, portanto, que policiais cacem e matem quem deveriam prender para investigar melhor os meandros desta empresa tão lucrativa e tão violenta. Fora os danos à imagem da polícia, há os prejuízos na informação acerca dos fornecedores de armas e drogas que, presos, dariam .
Como pode um policial se apresentar como defensor da lei se viola a lei, seja por se corromper, seja por matar até jovens desarmados? Não se trata de direitos humanos, mas dos direitos civis do favelado, inscrito na Constituição vigente.

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