Guerra pelo poder pode ter motivado chacina em Vespasiano

NEGRIARA

Grupo que executou os quatro jovens, com idades entre 17 e 20 anos, segundo investigação, queria demonstrar força


Renato Cobucci
Chacina Vespasiano
Policiais observam local em Vespasiano, onde foram empilhados os quatro corpos executados


A polícia vai investigar a possilidade de que a chacina de quatro homens que foram encontrados mortos no final da noite desta quarta-feira (22), em uma estrada secundária do bairro Morro Alto, em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, possa estar ligada a uma guerra por poder e espaço para o tráfico de drogas na região.

A informação foi fornecida por um oficial da Polícia Militar que está lotado no 36º Batalhão e que trabalha no município há muito tempo e não quis se identificar. Ele acredita que os quatro homens assassinados, aparentemente por estrangulamento e enforcamento, possam ter sido eliminados por integrantes de algum grupo de criminosos que quer aumentar seu poder.

Os quatro homens mortos, com idades entre 17 e 20 anos, foram localizados pouco depois das 22 horas de quarta-feira e estavam empilhados uns sobre os outros, em um canto de uma estrada secundária que liga as rodovias estaduais MG-424 e MG-010, no Bairro Jardim da Glória, Região do Morro Alto.

Um homem não identificado telefonou para a Central de Operações da Polícia Militar e denunciou a existência, no local, de um desmanche de veículos roubados ou furtados ao lado de um bota-fora de restos de construções e ossadas de animais mortos.

Segundo o estranho, a polícia poderia surpreender alguns homens envolvidos no desmanche porque eles estavam em ação naquela noite. Uma guarnição da 180ª Cia Independente da Polícia Militar foi para o local indicado e, ao chegarem, os militares não viram nenhum sinal de desmanche, mas acabaram encontrando os quatro corpos empilhados. Para a polícia, o estranho que fez a denúncia, queria, na realidade, apontar o lugar onde estavam os quatro corpos.

O major Nilton Roberto, comandante da unidade policial, disse nesta quinta-feira (23) que nenhuma droga ou arma foi apreendida no local e nas buscas feitas foram encontrados um celular, um carregador de celular e um doce de amendoim. Para ele é grande a possibilidade de que os quatro homens tenham sido assassinados em outros lugares e levados, mortos, para o trecho rodoviário deserto onde foram abandonados.


Chacina Vespasiano
Denúncia inicial era de que no local havia um desmanche, entretanto, encontraram quatro corpos enforcados (Foto: Renato Cobucci)

Perícia nos corpos

Esse oficial acrescentou que, no local, peritos da Criminalística não encontraram nenhum ferimento de tiro ou de faca, nos quatro corpos. Além das marcas características de estrangulamento e enforcamento no pescoço, os mortos tinham ferimentos nos rostos, denunciando que teriam sido espancados. Esses detalhes levam a polícia a admitir, também, a hipótese de que os quatro homens assassinados tenham sido vítimas de uma vingança.

Os mortos ainda não foram oficialmente identificados. Um deles era de cor parda, magro, cabelos tipo moicano, usava brincos e tinha uma tatuagem, G-3 em um braço. Outro morto, moreno, cabelos crespos, usava bermudas com estampas cor laranja e tatuagem com os dizeres "Deus é fiel", no braço esquerdo, enquanto o terceiro corpo era de um homem que tinha uma tatuagem de um dragão na perna esquerda e era moreno, cabelos crespos e magro. O quarto homem assassinado era de cor morena, cabelos crespos, usava anéis nas mãos e uma bermuda com as cores preta, azul, branca e cinza. Na panturilha da perna direita  tinha uma tatuagem de um palhaço.

Militares de Vespasiano disseram que algumas pessoas envolvidas com crimes costumam usar esse tipo de tatuagem como forma de ofender a polícia.
O município de Vespasiano foi apontado como um dos mais violentos da Região Metropolitana de Belo Horizonte, de acordo com informes de pesquisas divulgados no mês passado, pela Secretaria de Estado da Defesa Social (Seds). Nesse município aconteceram 47 homicídios em 2.010, enquanto que, no ano passado, a estatística apontou 82 ocorrências de assassinatos

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