Seds e PM são esperados para explicar 'maquiagem'

NEGRIARA
Denúncia do Hoje em Dia leva deputados a cobrarem esclarecimento sobre dados da criminalidade


Após denúncias publicadas pelo Hoje em Dia de "maquiagem" das estatísticas de criminalidade no Estado, o assunto será tema de uma audiência pública, nesta quarta-feira (29), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Particiam da reunião as comissões de Segurança Pública e de Direitos Humanos.

O deputado Sargento Rodrigues (PDT), um dos responsáveis pelo requerimento da audiência, disse esperar que a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) e a Polícia Militar enviem representantes à audiência, a fim de esclarecer os fatos. “As denúncias são graves. É com muito espanto que as recebemos. Precisamos de dados confiáveis para definir políticas públicas na área de segurança”, afirmou o parlamentar.

O objetivo do esquema de maquiagem, segundo denúncias de policiais publicadas na edição de 6 de fevereiro, seria reduzir estatísticas de crimes violentos em Minas Gerais e cumprir metas anuais estabelecidas pela Seds. Nesse sentido, um homicídio era registrado como encontro de cadáver e uma tentativa de homicídio se transformava em lesão corporal.

No último dia 16, o secretário de Estado de Defesa Social, Lafayette Andrada, negou a maquiagem de boletins e classificou os casos ocorridos como isolados e com erros de interpretação. O secretário alegou ainda que os comandos das polícias mineiras foram orientados a não repassar as estatísticas para à imprensa.

Na mesma data, o governador Antônio Anastasia voltou atrás e determinou que as estatísticas de homicídios, tentativas de homicídios, estupros, roubos e roubos à mão armada sejam divulgadas mensalmente. Já os dados sobre a criminalidade em Minas Gerais, referentes a 2011, deveriam ser divulgados pela Seds na última segunda-feira (27), o que não aconteceu.

Em nota, a Seds informou que a divulgação sobre as estatísticas de crimes violentos no Estado será na próxima quarta-feira (29). Segundo o órgão, o anúncio foi adiado em função de um acidente sofrido pelo secretário Lafayette Andrada.

Guerra pelo poder pode ter motivado chacina em Vespasiano

NEGRIARA

Grupo que executou os quatro jovens, com idades entre 17 e 20 anos, segundo investigação, queria demonstrar força


Renato Cobucci
Chacina Vespasiano
Policiais observam local em Vespasiano, onde foram empilhados os quatro corpos executados


A polícia vai investigar a possilidade de que a chacina de quatro homens que foram encontrados mortos no final da noite desta quarta-feira (22), em uma estrada secundária do bairro Morro Alto, em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, possa estar ligada a uma guerra por poder e espaço para o tráfico de drogas na região.

A informação foi fornecida por um oficial da Polícia Militar que está lotado no 36º Batalhão e que trabalha no município há muito tempo e não quis se identificar. Ele acredita que os quatro homens assassinados, aparentemente por estrangulamento e enforcamento, possam ter sido eliminados por integrantes de algum grupo de criminosos que quer aumentar seu poder.

Os quatro homens mortos, com idades entre 17 e 20 anos, foram localizados pouco depois das 22 horas de quarta-feira e estavam empilhados uns sobre os outros, em um canto de uma estrada secundária que liga as rodovias estaduais MG-424 e MG-010, no Bairro Jardim da Glória, Região do Morro Alto.

Um homem não identificado telefonou para a Central de Operações da Polícia Militar e denunciou a existência, no local, de um desmanche de veículos roubados ou furtados ao lado de um bota-fora de restos de construções e ossadas de animais mortos.

Segundo o estranho, a polícia poderia surpreender alguns homens envolvidos no desmanche porque eles estavam em ação naquela noite. Uma guarnição da 180ª Cia Independente da Polícia Militar foi para o local indicado e, ao chegarem, os militares não viram nenhum sinal de desmanche, mas acabaram encontrando os quatro corpos empilhados. Para a polícia, o estranho que fez a denúncia, queria, na realidade, apontar o lugar onde estavam os quatro corpos.

O major Nilton Roberto, comandante da unidade policial, disse nesta quinta-feira (23) que nenhuma droga ou arma foi apreendida no local e nas buscas feitas foram encontrados um celular, um carregador de celular e um doce de amendoim. Para ele é grande a possibilidade de que os quatro homens tenham sido assassinados em outros lugares e levados, mortos, para o trecho rodoviário deserto onde foram abandonados.


Chacina Vespasiano
Denúncia inicial era de que no local havia um desmanche, entretanto, encontraram quatro corpos enforcados (Foto: Renato Cobucci)

Perícia nos corpos

Esse oficial acrescentou que, no local, peritos da Criminalística não encontraram nenhum ferimento de tiro ou de faca, nos quatro corpos. Além das marcas características de estrangulamento e enforcamento no pescoço, os mortos tinham ferimentos nos rostos, denunciando que teriam sido espancados. Esses detalhes levam a polícia a admitir, também, a hipótese de que os quatro homens assassinados tenham sido vítimas de uma vingança.

Os mortos ainda não foram oficialmente identificados. Um deles era de cor parda, magro, cabelos tipo moicano, usava brincos e tinha uma tatuagem, G-3 em um braço. Outro morto, moreno, cabelos crespos, usava bermudas com estampas cor laranja e tatuagem com os dizeres "Deus é fiel", no braço esquerdo, enquanto o terceiro corpo era de um homem que tinha uma tatuagem de um dragão na perna esquerda e era moreno, cabelos crespos e magro. O quarto homem assassinado era de cor morena, cabelos crespos, usava anéis nas mãos e uma bermuda com as cores preta, azul, branca e cinza. Na panturilha da perna direita  tinha uma tatuagem de um palhaço.

Militares de Vespasiano disseram que algumas pessoas envolvidas com crimes costumam usar esse tipo de tatuagem como forma de ofender a polícia.
O município de Vespasiano foi apontado como um dos mais violentos da Região Metropolitana de Belo Horizonte, de acordo com informes de pesquisas divulgados no mês passado, pela Secretaria de Estado da Defesa Social (Seds). Nesse município aconteceram 47 homicídios em 2.010, enquanto que, no ano passado, a estatística apontou 82 ocorrências de assassinatos